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Entrevistando Tatiana Pagliane | Canil Brave Basset

Cinofilia-BR – A p a i x o n a d o s   p o r   C ã e s

 

Onde| Aldeia – Recife-PE

Porquê| Uma das maiores criadoras da raça Basset Hound, produzindo animais de excelente qualidade, pelo que obtém reconhecimento do meio cinófilo mundial.

Curriculum –

Tatiana Pagliane – Brave Bassets – Fazenda Taluja – 2010.

Sou Administradora de Empresas, fazendeira, nasci em Recife e cresci em uma família de amantes de animais, principalmente meu Pai, Amilzon Lima, criador  e expositor, junto comigo, de Gado Nelore e Girolando. Somos também Expositores  de cavalos da raça Campolina

Quanto aos cães, eu ganhei o meu primeiro em 1999. Ele foi, justamente o meu primeiro exemplar da raça basset hound e fundador do meu canil BRAVE BASSET KENNEL.

Em  março de 2000 comecei a expor,  e “Allan”,  como era chamado,  nos surpreendeu com seus resultados, fatos que me levaram a estudar mais e a trazer outros exemplares, desenvolvendo um trabalho profissional de criação, com tudo que isso envolve.   Há alguns anos  crio também Bulls Franceses ( Limvill´s Kennel ).

Fui proprietária, expositora e handler de raças como: Dogue Alemão Dourado/Tigrado , Chow Chow, Afghan Hound, Mastif Inglês, Fila Brasileiro e Rottweilers. Ao longo destes anos construi um know how cinófilo, baseado em minha experiência  com as diversas raças com que convivi, mas a paixão e a atividade principal sempre foi a criação de BASSET HOUNDS.

Também ao longo destes anos,  julguei inúmeras Exposições Estaduais, na qualidade de convidada, além de organizar e participar de diversos  trabalhos sócio-educatvos e de apoio a animais abandonados.

Sou criadora de vários exemplares da raça basset Hound com inúmeros títulos dentro e fora do Brasil, em países como Argentina, Uruguai, Bolivia, México, Costa Rica, Estados Unidos da América, Chile  e outros . Ganhamos também inúmeros rankings de raça, grupo e Regionais, além de estarmos por várias vezes presentes, entre os 15 melhores nos Rankings All Breed Brasil.

 

E N T R E V I S T A  

Cinofilia-BR – Conte-nos como surgiu o seu interesse e paixão por animais?  

Tatiana – Desde criança convivo com animais. Meu pai,  em especial, é um apreciador deles.  Toda a minha família gosta e convive. Temos desde araras, e araçaris (todos registrados), passando por cães, gatos, cavalos e gado. Desse modo não foi difícil escolher uma raça e me apaixonar  por cinofilia.

Cinofilia-BR – Por que criar Bassets?  

Tatiana – Essa foi uma decisão tomada a partir do interesse que me foi despertado pelo jeito meigo e  triste no olhar do basset hound. Antes eu queria um cão só para me fazer companhia. Então, foi-me enviado um belo exemplar da linha de sangue do Raeder. Assim, quando um amigo de meu pai, que era expositor de cães, viu o Allan, disse-nos : “- Por quê vocês não expõem esse cão? Ele é lindo e não existem exemplares da raça assim em Recife “. Ele enviou um rapaz em nossa casa para nos ajudar a condicionar o Allan e em nossa estréia já ganhamos  o 5° lugar de BIS adulto com ele.

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Cinofilia-BR –  Seria possível traçar um panorama da raça Basset Hound hoje no Brasil?  

Tatiana – Eu vejo a criação nacional de basset hounds muito bem. Diante de inúmeras importações e investimentos, feitos por vários criadores, independente de tipo, a raça ganhou muito espaço. Sem dúvida é uma raça muito disputada e nossos exemplares  vêm ganhando em vários países do mundo. Claro que precisamos sempre melhorar e fazer alguns ajustes, mas, no geral, somos sempre candidatos muito fortes quando participamos de exposições no Brasil e fora dele.  Assim, só o que posso falar é que todos os criadores da raça basset hound no Brasil, estão de parabéns. Trata-se de raça que vem classificando entre os 5 melhores da exposição na maioria dos eventos de que participam . E só este ano já somou mais de 33 best in shows.

Cinofilia-BR – Todos sabem de sua parceria com o Cláudio Cruz, hoje um ícone de conjunto (Handler X Cães raça Bassets no Brasil). Até que ponto esta parceria é importante para seu canil?  

Tatiana – Minha história na raça Basset Hound e a de Cláudio realmente é muito unificada. Cláudio começou a trabalhar comigo eu contava apenas 2 anos de cinofilia. Ele era, então, co-proprietário de um Basset Hound: “ Park Melody Jungle Boy – Quetinho”, que mais tarde veio a ser meu e foi  um divisor de águas na minha criação. Eu resumo a nossa história em apenas algumas palavras,  são elas: DEDICAÇÃO, FIDELIDADE, CARÁTER, AMIZADE, TRABALHO, que resultaram no nosso SUCESSO. Eu acreditei no Cláudio como handler e ele acreditou no meu potencial e na minha criação. E com muita paciência, trabalho e cooperação, chegamos onde chegamos.  Criamos a imagem de nossos cães e do nosso trabalho com muita seriedade e profissionalismo, o que nos proporcionou credibilidade e respeito na cinofilia como um todo, tanto entre os criadores, como entre juízes e handlers.

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Cinofilia-BR – Sabendo das vaidades de criadores, você acha que ainda é possível, em prol da evolução da raça, celebrar parcerias, no sentido da utilização de animais de outros criadores, para, em conjunto, obter-se no futuro uma melhor qualidade e homogeneidade de tipos na criação brasileira ?  

Tatiana – Eu acredito que tudo é possível quando se tem respeito ao que se faz e uma meta e objetivos para cumprir o que se quer no sentido de melhoramento genético. Eu enxergo as coisas desse ponto de vista, mas reconheço que algumas situações impedem que certos caminhos sejam trilhados, algumas vezes por causa de orgulho, outras por pura falta de visão, outras, ainda, por simples preferências. Portanto, é nesses pontos que a raça pode vir a ser prejudicada. Por outro lado, também acredito que linha de sangue não é propriedade de ninguém. No mundo, tudo acaba se diluindo e se unificando. Se você deseja muito aquele sangue, você pode adquiri-lo através dos inúmeros criadores que os detêm,  é só pesquisar e procurar os exemplares corretos.  E, claro, ter dinheiro, para por em prática seus objetivos.

Cinofilia-BR – Depois da memorável conquista do ChAm. Deer Hills Great Gatbsy, Basset Americano, vencedor de 44 best in shows e # 2 All Breed  em 1998 nos EUA,  criadores trouxeram seu sangue para o Brasil.  Temos assim observado uma grande ascensão ao longo de 10 anos da raça no Brasil, estando sempre no topo dos rankings.

Indaga-se: no que a vinda deste sangue para o Brasil foi importante para a sua criação e a nível nacional ?

Tatiana – Os acasalamentos que trouxeram o sangue do Gatsby e do Uther para o Brasil foram justamente o divisor de águas da criação de basset hound aqui. Foi depois desses acasalamentos  que a raça realmente despontou nos rankings e nas conquistas de best in shows. Cães como o Natan, o Summer, o Hugo, o Cristóvão, o Bono, o Chico, o Get Me, o  Melo, a  Tracy, o Absolut, a Amanda. E hoje, o Marley, o Thor, o Seal  e o Kale, descendem diretamente do  Gatsby ou do Uther, dois cães que fizeram história como padreadores e estão nos pedigrees do mundo inteiro. Ainda a nível mundial o Splash´s The Professor, ganhador  da raça nas últimas 2 edições da Eukanuba Cup – nos Estados unidos e também a Westminster é Neto 2 vezes do Gatsby,  o que comprova o quanto a linha de sangue Americana, principalmente Gatsby e Uther, ainda impera no que principalmente diz respeito a boas angulações, tipicidade e, principalmente, movimento. Esclareço, também, que citei os nomes de cães de propriedade e criação de outros canis aqui do Brasil, mas meramente como reconhecimento de todos os logros, títulos e rankings obtidos por cada um desses belos exemplares. Se esqueci algum por favor me corrijam .

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Cinofilia-BR – Sua criação tem base ou bases de que linhas de sangue ? E como usar essas bases para criar seu tipo canino, e ainda fazer seu tipo produzir homogeneidade criacional como vem acontecendo?  

Tatiana – Minha criação tem base  também na linha de sangue do Gatsby e do Uther pois trabalho em prioridade com a linha de sangue americana. Tenho também exemplares com sangue Topsfield (que é o maior canil de basset hounds dos EUA), além de alguns bone-a-parts. Há alguns anos introduzi no meu plantel  parte da linha de sangue européia do Canil Sete Moinhos, Swede Sun e Scheels.  Mas em menor proporção, para não mudar muito o que já fixei no meu tipo.  A homogeneidade das características vem com o trabalho de linebreeding, cruzamentos com grau de parentesco entre os cães de um plantel que fixam as características que desejamos dar continuidade em nosso trabalho. Um dos principais cruzamentos que faço aqui no meu canil é entre tio e sobrinhas; tia e sobrinhos ou cruzamentos de 4° geração. Prefiro trabalhar com este grau de consangüinidade  para não fechar demais ou abrir demais e manter o canil saudável .

Cinofilia-BR – Já tive opotunidade de ver seus cães em várias exposições, no País e fora também. Na qualidade de criadora e amante das competições, como está a sua criação fora do nosso país?  

Tatiana – Meus cães vêm de fato se destacando em shows dentro e fora do país, obtendo ótimos resultados em exposições de que participam, desde os Estados Unidos, no Circuito da Flórida, onde conquistaram:

Chico –  9 Best of Breed; 2 x Best of Winners; 1 x 3th Open Class  e BISS da Especializada FCA 2007 BHCA, com Sr. Adrian Argent ( ESP).

Absolut –  na Copa Eukanuba 2009, conquistou Reserve de Best of Winners  além de Best in Show Jovem da Copa da Confraternidade 2007 FC Argentina, com o Sr. Ronald Manaker e BIS Junior da Especializada 2007 FCA/BHCA, com o Sr Adrian Argent.

Tracy ( Juju ) – que é  Campeã Uruguaia e das Américas e Caribe; Basset Hound Fêmea #1 Brasil 2007, 2008, 2009. # 2 Melhor Basset Hound Brasil, 2008 e 2009.

Glenn  – que consquistou os títulos de jovem campeã e Campeã Argentina, Boliviana, Uruguaia e Chilena; Melhor Jovem BHCA / FCA, Copa da Confraternidade, 2008; Melhor Fêmea Especializada BHCA/FCA 2009.

Trevor – que é Campeão Chileno e Best Of Breed Junior na World Dog Show México 2007 e Melhor Basset Hound do Chile 2007, 2008 e 2009.

Osco – Campeão Mexicano, Jovem Campeão mexicano e Jovem n° 1 Raza Mexico 2009.

Winner – que é campeã  Boliviana e Melhor Cachorra B da especializada FCA2008/BHCA.

Annya – Basset Hound Femea N° 1 Brasil 2006 ;

Expo que acaba de fechar seu campeonato Boliviano ;

Seal  – Femea # 1 Basset Hound Brasil 2010 CBKC.

Kale  – # 4 Melhor Basset Hound Brasil 2010.

Marley – campeão Argentino, além de Best in Show Specialty BHCA/FCA Copa da Confraternidade 2010: 3° BIS FCA 2010;  # 1 All Breed N/Ne  2010;  # 1 Basset Hound Brasil Jovem 2009; # 2 Grupo 6 jovem Brasil 2009,

Entre outros….

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Cinofilia-BR – Trace um parâmetro no sentido de melhoria da nossa cinofilia aqui do NE, especificamente.  

Tatiana – Eu penso em ação, cada um contribuindo com o que pode e com o que sabe fazer de melhor, sem pensar no INDIVIDUAL ou em apenas tirar vantagens. Pensar no TODO como um meio coletivo de sucesso, é uma forma de crescimento para nossa cinofilia e de futuras conquistas. Este fim de semana, por exemplo, eu fiquei muito feliz com todos os resultados do nosso Kennel Clube ( KCEP ), onde a maioria de cães participantes foi do nosso Estado. Conseguimos, com efeito, colocar  em pista mais de 210 exemplares, o que pouco tem ocorrido em território nacional este  ano, devido a diversos fatores, desde financeiros a organizacionais .

Cinofilia-BR – Você acha que poderíamos ter um grande evento anual aqui no NE? Exemplo: 9 Exposições Internacionais e mais especializadas, feira de filhotes, stands de vendas de carros e de outros produtos, e ainda uma ótima parceria com uma empresa aérea, no sentido de otimizar o transporte de pessoas e de animais para esse evento?   

Tatiana – Eu acho que tudo bem planejado pode ser realizado, mas é um plano para ser discutido e dividido como um todo, como acabei de falar acima. Projetos grandiosos requerem atenção e contribuição de inúmeras pessoas para que tenha sucesso. Parcerias serão sempre muito importantes para todos nós. Como integrante da Associação Pernambucana de Criadores, da Associação Pernambucana de Criadores de Cavalos Campolina, da Associação Brasileira de criadores de Zebuinos ABCZ e da Associação Pernambucana do Nelore, vejo que essas parcerias e projetos em conjunto com grandes eventos são uma ótima opção de público e de patrocínio, além de alavancar o conhecimento geral do que é Cinofilia e a importância da criação nacional de cães, que infelizmente ainda é pouco conhecida pela maioria das pessoas. Vejo que eventos em parceria com grandes exposições de animais, como ocorreu na Expocrato e no CBC/ Fenagro, despertam grande surpresa e curiosidade do público em conhecer o glamour da exposição canina. Na Expocrato e no CBC/Fenagro vi pessoas fascinadas e encantadas. E acredito muito nessas parcerias para divulgar ainda mais nossa atividade e fechar patrocínios mais significativos dentro desse segmento, valorizando  a nossa criação  e o Kennel Clube.

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Cinofilia-BR – Sempre que visitamos o seu canil ficamos admirados com os detalhes que existem nele. Tudo muito limpo e organizado. Até que ponto isso é importante para a criação profissional?  

Tatiana – Para mim você citou acima a palavra principal para o sucesso: ser PROFISSIONAL. Para tanto, temos de exigir de nós mesmos que tudo esteja correto e impecável. Limpeza e higiene, em qualquer criação é o ponto crucial para obter o bom desenvolvimento  dos nossos plantéis. Com isso teremos filhotes mais saudáveis, que serão adultos mais bem desenvolvidos e reprodutivos, de forma geral. Ora, exemplares de bom estado também serão excelentes animais dentro de pista. Que juiz gosta de julgar um animal sujo ou pior, doente ? Exposições caninas têm que contar com animais saudáveis, limpos, bem condicionados e bem apresentados. É esse conjunto que nos torna uma equipe respeitada  e  credibilizada . O bom desempenho de um canil  é conseqüência do  esforço da equipe que maneja e trabalha todos os dias, seja o próprio canil (instalações adequadas e funcionários competentes ) sejam os  veterinários que elegemos para cuidar da saúde de todos os cães, seja o handler, que vai mostrá-los nos dogshows. Todos esses profissionais tem que estar em sintonia, porque só assim vamos obter bons resultados.

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Cinofilia-BR – Como é o seu manejo, e quem faz parte de seu time, além do Claudio Cruz?  Quem são os veterinários e auxiliares?  

Tatiana – Na equipe do Brave Basset contamos com 5 funcionários para o Manejo, são eles : Tiago, Paulo, Douglas, José e Midiam.

Contamos com Andrea Cruz (cirurgiã e clinica geral)  e toda a Equipe do Dr. João Emilio Cruz, nos cuidados veterinários, além de alguns especialistas  como: Aline Berlim,  para Ultrasonografias e Imagens; Janaina, para endoscopias; Iracema Paulino, como Cardiologista; Dr. Otávio, como neurologista e ortopedista; Dr. Alex, para Oftalmologia e Dra. Daniela Bastos, em Reprodução Canina.

Em pista, nas exposições, contamos com Cláudio Cruz e sua equipe. Agradeço, também aos handlers Wladyr Uchôa  e Diego Antunes, por igualmente mostrarem vários exemplares nossos com excelência e dedicação. E fora do Brasil pudemos contar com Andy Luke, que mostrou formidavelmente Glenn na FCA 2009 e agradecer também o trabalho da Equipe Sunshine de Divoney e Paola Rasera, na campanha de Chico na Flórida e pelas campanhas de Juju e Absolut. Eles são grandes amigos e parceiros em grandes shows.

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Cinofilia-BR – Observei que você tem um ótimo conhecimento em medicamentos. Até que ponto isso é importante para criação e manejo? E que dicas você poderia dar para quem quer melhorar ainda mais seu canil e manejo?  

Tatiana – Na verdade o conhecimento que tenho foi adquirido  com o tempo de criação, mas nada que administro em meus cães deixa de ser discutido com os médicos responsáveis por eles. O que realmente faço é sempre trocar idéias  com esses profissionais sobre quais tratamentos  usarmos para que os nossos cães sejam beneficiados, pois após tantos anos e tantos tratamentos e situações passadas dentro de um canil é quase impossível não conhecermos um pouco o que se passa em nosso plantel.

Cinofilia-BR – Como é seu manejo diário no canil?  

Tatiana – É difícil descrever um manejo em um papel, porque na verdade é um passo a passo de tarefas diárias, onde cada um elege a melhor forma de realizá-las. Então, o meu dia sempre é corrido, sempre em prol dos meus animais, seja aqui no canil ou na fazenda.

Cinofilia-BR – Sabendo que você é criadora de gado  (Nelore e Girolando), indagamos: você usa do conhecimento que vem obtendo do mundo da criação bovina para a criação de cães? Como você observou acima, a criação bovina no nosso país é bem desenvolvida, pelo menos do ponto de vista das manipulações genéticas, então, como poderíamos agregar valores para a melhoria da criação cinófila no país?  

Tatiana – Bem, o que mais observo nesses dois universos é como a medicina veterinária avançou no programa reprodutivo de bovinos. Queria muito que um dia chegássemos a utilizar realmente  todos esses recursos na criação de cães . E o quanto eles são precários no que diz respeito `a saúde animal, como um todo, em relação a diagnósticos e exames clínicos, pois na pecuária eles visam muito o ganho e a perda. É um grande comércio, e como não há a visão emocional que existe com os cães, que vivem conosco dentro de casa, eu sinto falta do acesso a alguns cuidados e alguns diagnósticos dentro da medicina veterinária de grande porte.  Mas queria muito que a criação tentasse se profissionalizar ao máximo, como ocorre com a criação de gado e a de cavalos que já vem buscando esse espaço.

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Cinofilia-BR – Você acha que poderia dar certo levar leilões caninos adiante? Isso pode dar certo? Já existiu tal atividade alguma vez?  

Tatiana – Há pouco li um artigo que falava sobre um leilão de cães, onde foram vendidos mais de 90 exemplares.  Mas acho que leilões caninos só poderiam existir dentro do âmbito de criação. Ou seja, entre criadores, como ocorre com animais de grande porte. E o que impede muito isso é o relacionamento afetivo que mantemos com nossos cães.  Só que não podemos esquecer que, se isso for colocado em prática, o COMERCIO de cães, sem objetivo de melhoramento genético, pode ser beneficiado. Portanto, para mim ainda é um assunto muito complexo. Além de destruir o trabalho de criadores, realizado durante anos, beneficiando a exploração da reprodução desses animais e visando apenas o lucro. O que se  poderia  cogitar, seria de um evento muito fechado  e planejado entre criadores sérios de uma raça especifica onde houvesse uma triagem dos convidados a participar, o que vetaria a participação de comerciantes de cães. Isso sim poderia proporcionar uma valorização dos animais dos plantéis, pois apenas pessoas realmente conhecedoras de tais exemplares,  e suas linhas de sangue,  estariam aptas a comprar e envolvidas em tal projeto . Mas mesmo assim não sou a favor, pois acredito ainda não haver amadurecimento profissional de alguns criadores para isso. Trata-se de um tema que precisa de muita avaliação para se por em prática.

Cinofilia-BR – Como você vê a evolução veterinária na criação Canina, e em que ainda poderíamos melhorar? O que falta para a veterinária canina evoluir ainda mais?  

Tatiana – Eu vejo a evolução veterinária acontecendo juntamente com a evolução da medicina humana, cada uma a seu tempo. Mas creio que dispomos de muitos recursos para tratar nossos cães. Há pouco estive em Salvador onde precisamos realizar alguns exames na cadela de uma amiga, e o que avaliei foi a quantidade de profissionais no mercado.  E uma grande quantidade sem uma qualidade de atendimento básico para tratar de nossos animais. Recife dispõe de excelentes profissionais, assim como também dispõe  de pessoas sem carater, que se dizem profissionais e que vêm matando um número grande de cães, gatos e outros pets. Eu acredito que a medicina veterinária crescerá cada dia mais diante de toda a humanização e do papel do cão, como membro da família, mas,  infelizmente, também crescerão os erros  médicos na área.

Cinofilia-BR – Formada em administração, que dicas você poderia dar, além de técnicas, no sentido do gerenciamento de um canil? Até que ponto é importante investir-se em propaganda e na imagem de um criador? Fale de suas experiências.  

Tatiana – Bem, de uma forma geral aplicamos administração em nossas vidas. Temos que planejar, traçar metas e objetivos e coordenar e controlar tarefas, para que eles sejam atingidos. Todos esses pontos são diretrizes funcionais cruciais para o sucesso de empresas, e também de nossos canis. Um canil pode ser um hobby, mas pode e deve ser tratado com profissionalismo. Vejo que é muito difícil nessa área, as pessoas que vivem diretamente dela se organizarem.  De forma geral, tratam tudo com pouco profissionalismo e utilizam métodos arcaicos e domésticos de controle de seus canis. Não é porque nosso canil é em nossa casa, que devemos tratá-lo com menos dedicação ou como uma atividade doméstica. Se nos propusermos a ter sucesso, temos que começar pela nossa atitude em relação a nossa criação. Desde como lidar com clientes, com a satisfação deles,  até com o melhoramento reprodutivo, genético, enfim, do seu plantel. Dentro desses requisitos deparamo-nos com realizações de parcerias, com custos fixos e variáveis, com despesas, com coordenação de funcionários, com controle e abastecimento de alimento e medicamentos, marketing, campanhas, entre outras tarefas que nos ocupam como administradores, assim como em qualquer outra atividade comercial produtiva. O trabalho de imagem de um canil e do animal que esteja ranqueando é crucial para a obtenção de melhores resultados. O marketing é uma ferramenta que nos ajuda a chegar tanto no público especializado (cinófilo), quanto no público leigo (público geral de proprietários e amantes de animais). Em campanhas, é importante a divulgação dos resultados significativos do exemplar que se tenha em foco, o que gera também benefícios e parcerias com empresas de alimentos para cães e resulta na sua boa imagem com o cliente final, que será o futuro proprietário de seus filhotes.

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Cinofilia-BR – Sabendo que uma boa fotografia ou vídeo vende um animal, até que ponto mexer ou não na fotografia é importante? E se isso acontecesse você informaria ao seu futuro comprador que a foto seria meramente ilustrativa?  

Tatiana –  Bem, a imagem é a alma da venda de qualquer produto. Falando comercialmente sobre o assunto, de uma forma geral a imagem é o que fica em nossa mente e, é o que pode marcar na cabeça das pessoas sobre a qualidade dos seus animais e do seu plantel. Sou a favor de tratar boas fotos mas com o mínimo possível de uso desses artifícios. Se acaso eu usar sou também a favor de informar ao futuro comprador de que se trata de imagem ilustrativa. Eu particularmente quando vou vender algum exemplar meu, primeiramente faço fotos domésticas e vídeos domésticos para que os futuros compradores, sejam eles criadores ou proprietários de pets, saibam todos os defeitos e qualidades dos exemplares em questão. Então você me pergunta, por quê? Bem. Creio que quanto mais expusermos a verdade a eles, mais seremos credibilizados. Vender um produto com uma imagem tendo outra, gera descrédito de seu produto de forma geral no mercado. Depois que mostro a eles os meus bebês como realmente são, normalmente eu pergunto (principalmente a criadores que estão adquirindo exemplares para suas criações) se eles desejam fotos com profissionais, porque sei também da necessidade de expor uma boa imagem, através de uma boa foto NÃO DOMESTICA e MAIS PROFISSIONAL, em nossos sites e revistas.

Cinofilia-BR – Quantidade é ter qualidade? Como você trabalha sua criação nesse sentido?  

Tatiana –  Quantidade não é qualidade. Mas eu, particularmente, não me desfaço, dos meus velhos ou castrados. Assim, aqui você sempre encontrará um grande numero de exemplares, muitos dos quais já afastados do programa de criação.  Bem, afirmando isso vocês podem dizer: se ela fala tanto em profissionalismo por quê não enxugar o plantel só com animais reprodutivos? Bem, eu sou o tipo de pessoa que respeita a vida animal. Como tal, não trato meus exemplares só como peças reprodutivas. Todos eles tiveram sua história conosco e merecem o mesmo tratamento dos demais, independentemente de idade, ou sexo.  Se eu escolho um exemplar para ser meu, este ficará conosco enquanto viver.

Cinofilia-BR – Diga-nos 5 coisas que você gosta na cinofilia?  

Tatiana – Eu gosto primeiramente dos cães, da competição saudável, dos amigos, das viagens, e de sentir que o fruto do meu trabalho esta sendo reconhecido.

Cinofilia-BR – Diga-nos  5 coisas que você não gosta na cinofilia?  

Tatiana – Intrigas, falsidades, mentiras, infidelidade profissional e entre amigos.

Cinofilia-BR – Como você vê a nossa cinofilia atual?  

Tatiana – Tentando crescer, mas ainda cheia de pontos a reavaliar e tentar melhorar .

Cinofilia-BR – Quais suas previsões para o futuro de sua criação canina?  

Tatiana – Bem continuo criando Basset Hounds, como gosto, balanceados, com excelente temperamento e se movimentando muito bem. Com isso obtemos excelentes cães de show. Para os próximos anos temos alguns exemplares já separados. E inúmeros planos de acasalamentos. Aguardem.

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Cinofilia –BR – Recentemente conversei muito com o árbitro Luiz Fernando Ribas, sobre criação, importação, exportação e cinofilia de um modo Geral. Como você vê a arbitragem brasileira? Você acha que seria plausível um  curso de melhoramentos cinotécnicos para nossos árbitros, visto que, as criações passam por mudanças de tipos?   

Tatiana – Cursos de melhoramento e de reciclagem de nossos padrões, sobre ética e postura durante julgamentos seriam muito bem vindos. Assim, como em qualquer profissão, onde procuramos sempre nos reciclar e buscar o melhor para nossas atividades, seria ótimo que nossos árbitros também tivessem essas oportunidades, assim acabaríamos com alguns modismos de julgamentos de algumas raças, e resultando no uso de tipos errôneos nas criações.

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Cinofilia-BR – Como você vê as organizações de exposições no Brasil e em especial também para o NE? Como poderíamos melhorar nossa organização, desde a preocupação com os auxiliares até em relação ao público em si?  

Tatiana – Bem, acho que temos que procurar melhorar sempre. Ainda nos falta muito, mas vejo que todos estão tentando realizar shows mais bonitos. O que mais procuro e queria que fosse pensado sempre é a infraestrutura em geral, no sentido de que beneficie o cão, que seja confortável pra ele. Lugares mais arejados, cobertos, nada de horários de pico de sol, boas instalações elétricas, e lugares decentes para que possamos dar banhos nos cães, além de não se esquecerem dos hotéis que aceitem cães – parcerias com essas empresas são essenciais para que se possa viajar para exposições com maior numero de exemplares. Isso tudo faz com que a organização em si seja um sucesso, porque organização de exposição não é só auxiliares e juízes, mas o show é feito pelos cães e handlers que participam, eu, na verdade, queria mais respeito ao backstage. Porque na maioria das vezes as condições de trabalho são  totalmente precárias. Principalmente em exposições realizadas em estacionamentos de shoppings e supermercados. Já vi algumas federações de países como Bolívia e México fecharem contratos com empresas aéreas para transporte de cães e de criadores para grandes exposições a preços mais acessíveis. Tudo isso seria muito interessante para qualquer show. Não apenas só visualizar decoração, auxiliares e juízes, mas sim a organização como um todo.

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Cinofilia-BR – Cite os 5 melhores eventos cinófilos para se conhecer no Pais? 

Tatiana – KCSP, BKC, Festa de aniversário da CBKC, Jundiai Kennel Clube (Osso de ouro) e às vezes se realizam grande circuitos integrados entre um ou mais Kenneis, que chegam a ser muito interessantes .

Cinofilia-BR – Cite os 5 melhores eventos para se conhecer fora do pais?  

Tatiana – Westminster Dog Show, Crufts, Eukanuba Cup, World Dog Shows, EuroDogshow, FCA e, principalmente para criadores, as Nacionais de suas raças, no meu caso a Nacional do BHCA – Basset Hound Clube Of America.

Cinofilia-BR – Gostaríamos de agradecer por sua atenção e respeito com o nosso meio de comunicação. Obrigado.   

Tatiana – Obrigada a você por me permitir falar um pouco da atividade que mais amo em minha vida: CRIAR.

 

Tatiana Pagliane
FAZENDA TALUJA – Nelore & Girolando
BRAVE BASSET KENNEL – Basset Hounds Since 1999
www.bravebasset.com
Fone:. 55 xx 81 34594634 // 55 xx 81 99457867

Por Bruno Sant’Ana.
Correção: Marlene Ramos.

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