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Entrevistando o JOSÉ ARNALDO MEDEIROS

Cinofilia-BR –  A p a i x o n a d o s   p o r   C ã e s

Entrevistando o  JOSÉ ARNALDO MEDEIROS
Onde | NATAL – RN

PERFIL PROFISSIONAL –  JOSÉ ARNALDO
Biólogo, especialista em gestão ambiental, amante de orquídeas, bromélias e plantas raras, nasceu em 22 de dezembro de 1960, na cidade de Parelhas, no Estado do Rio Grande do Norte, Brasil.
Teve sua iniciação na Cinofilia, quando ganhou um Pointer Inglês de seu pai, aos cinco anos de idade. Mas também criou Dobermann, Bull Terrier, Greyhound e Pinscher – antes de iniciar sua criação de Whippet, no início dos anos 90. Parou de ser expositor quando se tornou árbitro, em 1994, mas com o seu canil “Dart´s” fez uma parceria com o canil “Repouso de Brookie”, de Miguel Gondim, no sentido de manter seus cães em pista, colocando-os sempre com bons resultados. Com cães de sua criação, os dois canis parceiros já ganharam mais de uma centena de BIS. Tiveram também cerca de  100 (cem) campeões, em várias categorias, no Brasil e em outros países das Américas – do Sul e Central.
Paralelamente, prestou assessoria técnica a vários criadores, de diferentes raças, inclusive intermediando aquisições e cruzamentos, que depois vieram a melhorar o plantel do Estado onde reside. Também, há cerca de 10 anos, cria e ama a raça Terrier Brasileiro.
Chegou a escrever alguns artigos cinófilos, e, na qualidade de árbitro, já teve oportunidade de atuar no Peru, no México, na Argentina, no Uruguai, na Costa Rica, no Chile, na Colômbia e em quase todo o território do Brasil. Também já foi convocado para fazer parte de Banca Examinadora para formação de novos árbitros. Recentemente foi convocado para integrar o Conselho Cinotécnico da Confederação Brasileira de Cinofilia – CBKC.
Cinofilia-BR – Você que conhece muito bem as grandes exposições de outros países, conhecendo também as nossas, realizadas aqui no NE, que parâmetros você poderia indicar no sentido de melhorá-las?

José Arnaldo – Na verdade há muito o que se melhorar, em todos os aspectos. Infelizmente a nossa realidade é: os clubes são carentes, salvo raras exceções; os expositores também, salvo raríssimas exceções e não pode existir melhora sem investimento. E o momento não está muito propício. Mundialmente falando. Mas o que mais me preocupa é o rumo da nossa cinofilia com os novos cinófilos que não querem criar cachorro, querem apenas ganhar, independente de seus cães estarem ou não dentro dos padrões das raças que criam.
Cinofilia-BR – Atualmente como você vê a cinofilia Brasileira? Ainda se sente estimulado a criar, julgar, expor e visitar, eventos no Brasil?

José Arnaldo – A cinofilia brasileira já esteve muito melhor, mas estive julgando fora do país e fiquei mais tranquilo com a nossa realidade. A situação do país não é diferente da do resto do mundo, então vender filhote não está fácil. Portanto criar é um exercício que se pratica por amor à cinofilia. Julgar e expor caminham juntos e há uma grande responsabilidade em ambos. Em algumas situações é estimulante, ver bons cães, produtos de verdadeiros criadores, que ocuparam boa parte de suas vidas com a cinofilia verdadeira. Pessoas que criam há gerações, e que não colocam cães apenas para ganhar, independentemente de quem esteja julgando, muito pelo contrário. Ver bons handlers, independentemente de serem profissionais ou proprietários dos cães que mostram, mas que entendam do que estão se propondo a fazer.
Cinofilia-BR – Já tive oportunidade de vê-lo em vários eventos cinófilos, apenas como visitante. Até que ponto isso é útil? Pergunto mais: é importante ver outros julgamentos?
José Arnaldo – Visitar eventos é um grande prazer. Assistir a bons julgamentos de bons árbitros lhe dá oportunidade de se reciclar, criar novos parâmetros. Ninguém é igual, portanto alguém sempre terá algo a lhe ensinar. Além do que a socialização com os outros cinófilos é necessária e salutar. Conversar com bons criadores é absolutamente essencial. Óbvio que acontecem as decepções. Outro dia ouvi que se cães de uma determinada raça estão ganhando, mesmo apresentando um defeito que o padrão penaliza, mas se todos que ganham apresentam esse defeito, isso passa a ser o novo padrão. Infelizmente ouvi isso.
Cinofilia-BR – Investir, cinologicamente falando, em exposições aqui no NE, não é tarefa tão fácil. Você acha a parceria importante? Ela permite diminuir custos? Em que medida isso pode agregar valor a uma criação de cães?  Falo isso porque o amigo tem uma parceria de longos anos com o Canil Repouso de Brookie, do nosso amigo Miguel Gondim.
José Arnaldo – O cooperativismo é uma forma empreendedora comportamental moderna e funcional. No meu caso em particular, que nunca fui um bom handler, veio a calhar. Quando me tornei árbitro, parei de expor. Com a junção do meu canil (Dart´s) com o de Miguel Gondim (Repouso de Brookie), ele passou a mostrar nossos cães.
Cinofilia-BR – Qualquer pessoa integrada em algum grupo social, o meio cinófilo não é diferente, acaba criando vínculos, novas amizades, enfim. Na qualidade de árbitro, como administrar bem essas relações, de modo a não haver problemas?
José Arnaldo – Eu particularmente nunca tive problemas. Já aconteceu de algumas pessoas, depois que se aproximaram de mim, acharem que iriam ganhar as exposições que eu julgasse. Como isso não aconteceu, elas se afastaram. Eu continuo aqui. Já premiei cães de amigos (na verdade isso é um grande prazer), quando realmente mereceram e já premiei cães de pessoas de quem não gosto (isso não é um prazer), pelo mesmo merecimento. Prefiro, sinceramente, não saber quem são os donos dos cães que julgo, nem os nomes, apesar de alguns fazerem questão de informar a todo e qualquer custo. Sou muito rígido nos meus julgamentos. Não acho que seja mérito, pelo contrário, acho que todos devem ser assim. Julgar cães de amigos dobra a minha responsabilidade, pois tenho que ser o mais honesto possível com as pessoas que gosto.
Cinofilia-BR – (Internauta) Você acha que a CBKC poderia formular algum  tipo de exigência,   para que os árbitros de uma determinada região  sejam convocados a julgar mais vezes em regiões diferentes daquela em que ele reside, e menos nesta (região em que reside)?
José Arnaldo – Não é questão de achar. O Brasil é um país continental. É caro viajar. A intenção da CBKC, em formar novos árbitros, é justamente no sentido  contrário, ou seja: se existirem árbitros suficientes em todas as regiões, os clubes com menos condições não serão obrigados a trazê-los de longe.
Cinofilia-BR – Já pude ver o amigo julgando, e ao vê-lo em atuação, observo que domina muito bem o conhecimento da cinofilia, não só o conhecimento empírico, como o científico. Você acha importante o árbitro ser também criador, curioso, além de estudioso de todas as raças? Em que medida é possível ao árbitro acompanhar a evolução das diversas raças caninas, e assim conseguir discernir se o animal em exposição ostenta o tipo-padrão exigido, merecendo, portanto, ser o vencedor?
José Arnaldo – Em minha opinião é absolutamente necessário que o árbitro acompanhe de perto a evolução de alguma raça. Ou que ele tenha criado (ou crie) ou de um bom criador próximo a ele. É humanamente impossível que alguém domine todas as raças existentes, mas é primordial que tente. Principalmente porque muitas raças caem no gosto popular e viram moda, indo parar nas mãos de criadores inexperientes, ávidos por reproduzirem seus cães, totalmente sem noção ou conhecimento das consequências. Outras aparecem repentinamente, onde o único conhecimento que se tem é do tipo esquelético ao qual pertencem. Estudar é a única solução. No meu entender, quando um árbitro se forma, ele está apto para julgar, mas não para ser o dono da verdade. Ele precisará se manter atualizado, pois a cinofilia é algo vivo, em constante evolução.
Cinofilia-BR – (internauta) – A que você atribui o fato da diminuição sensível do número de cães participando de exposições no Brasil?
José Arnaldo – Não é só no Brasil. A situação mundial momentânea se reflete em tudo, inclusive na cinofilia.
Cinofilia-BR – (internauta) – Você poderia responder se de um modo geral, os brasileiros fazem um trabalho de criação correto, comprometido e com interesse de fato na criação, interesse, enfim, em contribuir para o aprimoramento genético?
José Arnaldo – Acredito que para a quantidade de cães registrados no Brasil, a porcentagem de bons criadores é ainda pequena. Faltam pessoas com maturidade suficiente para criar. A maioria começa querendo logo ser dona da raça, querendo ganhar. Há os que compram um bom cão de um criador antigo e esquecem que existe um trabalho de anos no pedigree, às vezes de décadas.  A maioria já dita regras na primeira ninhada. Os bons criadores, com pedigrees cheios com seus nomes, são realmente poucos, mas existem e são muito importantes.
Cinofilia-BR – (internauta) Como você vê o futuro da cinofilia brasileira nos próximos 10 anos?
José Arnaldo – Eu não sei.
Cinofilia-BR – (internauta) – Você acha que os Kennels Clubs deveriam aproveitar melhor os árbitros na oportunidade em que vão julgar uma exposição? Por exemplo: realizando encontros técnicos, seminários, etc.? Isso poderia contribuir com uma criação? Quais ações seriam Pontuais para o melhoramento genético da criação brasileira?
José Arnaldo – A CBKC já sugeriu isso há algum tempo. Alguns clubes até tentaram. Nosso clube mesmo aqui de Natal promoveu algumas coisas. O problema é que nem todos os árbitros tem capacidade de falar em público e nem todo clube tem condições de conseguir um bom local. Mas isso contribuiria muito para melhorar a cinofilia.

Cinofilia-BR (Internauta) – Como você vê a cinofilia imparcial, falando do Julgamento apenas dos cães, e não do handler ou do proprietário?
José Arnaldo – Eu não vejo a cinofilia de outra forma. Embora não seja tão insensível, mas procuro não olhar para quem está apresentando o cão, a não ser que a apresentação seja muito ruim. Não gosto de julgar cães mal apresentados, pois é difícil de avaliar corretamente. Existem alguns handlers que deveriam ser proibidos de conviver com outras pessoas, de tão perigosos que são seus pensamentos. Mas isso só vale para quem não tem segurança, não é o meu caso.
Cinofilia-BR – (internauta) – Explane sobre como poderíamos tornar os fechamentos de títulos mais coerentes, e não um simples fato de participação?
José Arnaldo – Acho que o problema é exatamente esse. Existem muitos pets em pista, com proprietários (igualmente pets) que nunca leram o padrão da raça que criam. Se ganhassem como excelentes apenas os que realmente são, isso mudaria facilmente.
Cinofilia-BR – (internauta) – Acredita que já poderíamos ter um evento do tipo NORDESTÃO (sexta, Sábado e domingo), onde cada ano seria realizado em um estado diferente?
José Arnaldo – Só se fosse uma coisa muito bem planejada.
Cinofilia-BR – Existe reciclagem para Árbitros? A CBKC tem preocupação com isso? Caso a resposta seja não; Favor dar a sua opinião sobre.
José Arnaldo – O Conselho de Árbitros tem vários eventos programados. Acho necessário como em qualquer outra área. E muito saudável.
Cinofilia-BR – (internauta) – Como gestor, queríamos saber se seria Possível à CBKC a criação de um banco de dados online onde todos os serviços, incluindo  o de prestar informações sobre a real situação dos sócios de cada KENNEL, ficasse à disposição, assim, todos os clubes saberiam quais sócios estariam em adimplência e os inadimplentes, evitando inscrições nos eventos de animais pertencentes a pessoas que realmente não são sócias de nenhum outro clube, permitindo gerar uma receita honesta para o clube realizador?
José Arnaldo – Na verdade isso tem uma importância mais além e é muito complicado de administrar, uma vez que apesar dos clubes serem filiados à CBKC,  são independentes e não é da competência dela tratar disso.

 

 

Por Bruno Sant’Ana.

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