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Entrevistando o Bibbo Camargo

Cinofilia-BR –  A p a i x o n a d o s   p o r   C ã e s

Entrevistando o Bibbo Camargo

Onde | Curitiba-PR

Por quê | É um grande fotógrafo de cinofilia no BRASIl.

 

PERFIL PROFISSIONAL BIBBO CAMARGO

A fotografia com cães entrou bem cedo na minha vida.  Aos cinco anos de idade eu fui fotografado junto a um Terrier Brasileiro, na época chamado de Fox Paulistinha. A foto foi escolhida para fazer a campanha nacional das Câmeras Instamatic, da KODAK, que eram a novidade da época.

Na década de 70 eu já ganhava algum dinheiro desenhando cães nas pastas escolares dos meus colegas de escola. Eles escolhiam as raças e eu procurava retratar, conforme via nas enciclopédias. Naquela mesma década eu ganhei minha primeira câmera, uma Vivitar, que minha mãe me presenteou para uso em uma viagem que eu faria à Disney e à NASA, na Florida. Ali presenciei o lançamento de um foguete e gastei vários rolos de filmes de 36 poses nele (riso). Nessa viagem acabei descobrindo o maravilhoso mundo da fotografia, pois eu registrava tudo que via. Voltei com um monte de filmes para revelar e um sorriso que não saiu do rosto por muitos meses (risos).

Na década de 80 fiz curso de fotografia básica e avançada no SENAC, com Ricardo Akan, que considero um dos melhores fotógrafos de Curitiba e que hoje também atua na área jurídica e em Direito Autoral. Nessa mesma época comprei meu primeiro equipamento profissional, uma Canon F1, com lentes e tudo o mais. Ganhei um concurso de fotos e então me empolguei. Na época eu era proprietário de uma academia de musculação, ginástica e artes marciais. Além de  administrar a academia, eu também dava aulas, sobrando apenas os fins de semana  para fotografar. Gostava muito de fazer books fotográficos externos, mas nada relacionado a cães.

Na década de 90, realizando um sonho, iniciei uma criação de Bulldog Inglês e comecei a fotografar o reprodutor do canil para venda de cruzas, bem como algumas fêmeas, que cruzavam com ele. Aliava as fotos ao meu trabalho como designer, pois desenho desde a infância, e  a combinação dessa habilidade à fotografia deu muito certo.

No início do ano 2000, fui editor de uma revista da raça Bulldog e organizei as duas primeiras exposições nacionais desta raça. Conheci ali muitos criadores que se interessaram pelos meus trabalhos. A revista teve seu fim, quando eu fui morar por um ano nos USA. Lá trabalhei no departamento de marketing de uma escola de línguas chamada Headway, situada na Florida, em Pompano Beach, onde aprendi muito, tanto como design gráfico, como no campo da imagem.

Ao voltar, iniciei como editor de outra revista da raça Bulldog, chamada Bulldog Show. Nesta revista tive muitos convites para fotografar os cães que sairiam em anúncios, bem como para montar os anúncios. Tinha, então, pouco tempo para dedicar à fotografia e ao design, pois reassumi minha academia de ginástica e musculação ao voltar do USA. Mas o desejo de me dedicar integralmente era tão forte que  resolvi vender a academia.

Aos poucos meus trabalhos foram sendo bem aceitos e reconhecidos, tanto na fotografia como no design. Além de fotografar, eu trabalho na criação de anúncios com fotos, de outros fotógrafos renomados do Brasil. No campo do design, acredito ser um recordista de criação de logomarcas – tenho mais de 200 logos aplicadas na cinofilia.

BIBBO CAMARGO

Tel (41) 9194-3052

Website | http://www.arteanimal.com.br/

 

E N T R E V I S T A

Cinofilia-BR – Conte-nos como é CRIAR os Bulldogs?
BIBBO – Criar qualquer raça que você realmente admira é algo muito bom. Enquanto criador tive noites sem dormir, angústias e alegrias, como todo criador que pensa em fazer o melhor. Mas acho que minha contribuição maior para a raça foi como promotor e incentivador da criação a nível nacional. Minha experiência como criador é bem menor que minha participação como organizador de eventos da raça, fundador de clubes ou editor de veículos de comunicação especializados. Sempre fui um curioso sobre tudo referente à raça, e tinha uma atenção em especial ao padrão. Acho que todo esse conhecimento que adquiri  e coloco em minhas fotos ou desenhos, me confere hoje o status de especialista na imagem dos Bulldogs.

 

Cinofilia-BR – Você acha importante o fotógrafo conhecer o padrão de cães (raças caninas e conformação canina)?
BiBBO – Acho que sim. Noto que falta algo em algumas fotos de quem está iniciando na fotografia de cães e ainda não tem muita intimidade com o padrão das raças. O conhecimento sobre a raça fotografada (padrão, utilidade etc.) coloca na imagem um toque a mais. O Bulldog é uma das raças que não basta uma bolinha ou um barulhinho, pois ele tem suas peculiaridades que só a paciência, conhecimento e o amor à raça conseguem captar e traduzir na imagem a sua essência. Mas já vi ótimas fotos de Bulldogs clicadas por outros fotógrafos. 

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Cinofilia-BR – Quais são as suas influências na fotografia animal?
BIBBO – Minha formação artística vem do desenho e quando você é um desenhista, tudo que você vê e gosta influencia um pouco os futuros trabalhos. Acho que isso ocorre com todos os profissionais que trabalham com arte e sendo assim, acho que em meus trabalhos tem um pouquinho de cada foto animal que realmente apreciei. Identifico também nos trabalhos de alguns fotógrafos novos algo dos meus trabalhos, principalmente quando são Bulldogs nas fotos e fico feliz com isso.

 

Cinofilia-BR – No mundo, existem fotógrafos especializados nas diversas áreas. O amigo acredita que é possível, no campo da cinofilia, ser especializado em uma determinada raça? Conte-nos sua experiência com os Bulldogs Ingleses?
BIBBO – Acho necessário intimidade com a raça. Para isso – tem-se de estudá-la e admirá-la muito. Se juntar esses fatores a um bom conhecimento no campo da fotografia, você pode se considerar um especialista. Mas tudo isso não vale muito, se a receita acima não resultar em boas fotos.  Hoje também sou  requisitado para outras raças, tenho foto em capa de revistas especializadas em dobermann e fotos em matéria de Pomeranians, ambos  nos USA, pois aprendi sobre outras raças e, o mais importante, aprendi a admirá-las. Quando você admira o motivo a ser fotografado seu trabalho fica muito melhor.

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Cinofilia-BR – O que o amigo gosta, e o que não gosta na Cinofilia?
BIBBO – Acho que o dia em que tivermos eventos do nível dos que ocorrem nos USA, teremos um Show e não apenas exposições. Mas, para isso, dependemos de uma economia igual à deles e também de assimilarmos um pouco da cultura deles. Morei lá um tempo e sei do que falo.

 

Cinofilia-BR – Sobre os equipamentos que vem usando, ainda usa filmes, médio formato e Digital?
BIBBO Iniciei no analógico (filmes), há mais de 20 anos. Ainda tenho minha Canon F1 e a levo muito a sério. Mas, para descontrair apenas. Me rendi ao digital, logo que a qualidade ficou satisfatória e economicamente muito mais interessante. Uso, como corpo, uma Nikon D300 e uma Nikon D70S, como reserva. Como pode ver, um equipamento modesto, para os padrões profissionais atuais. Lentes – tenho muitas da Nikon, em vários tamanhos, mas a que mais uso agora é uma Nikon AF-S 70×200  f/2.8G ED VRII. Podemos economizar em tudo, mas em lente não, pois elas são a alma do equipamento.

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Cinofilia-BR – Como editor isso o levou a um mundo novo: o da edição de imagens e editoração de revistas. Até que ponto esse aprendizado o ajudou na fotografia?
BIBBO – Na época em que fui editor, a maioria das fotos era amadora, pois havia poucos fotógrafos profissionais trabalhando com cães. Eu deixava a cargo de um profissional da gráfica o trabalho de melhora das fotos recebidas, quando estas vinham com uma qualidade muito baixa. Não creio que aprendi algo importante a ponto de resultar em uma melhora nos meus trabalhos, mas é claro que aprendi ali a grande importância de uma imagem profissional, na apresentação de um layout ou para dar mais qualidade à revista. 

 

Cinofilia-BR – No seu processo de criação o que vem primeiro? “Imagem” ou “idéia”?
BIBBO – A idéia vem antes, mas isso não quer dizer que ela não mude no processo. No caso das logos e layouts, a mudança pode ser radical, do inicio para o final da criação. Na foto, depende tudo da logística e se tudo foi preparado antes você já vai com a idéia pronta, caso contrário entra em cena a criatividade de momento, e esse item é fundamental para se manter na profissão.

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Cinofilia-BR – Por ser recordista de Logomarcas, você acredita que isso é importante para um canil? Até que ponto uma linda logomarca influencia ou pode ajudar em uma criação ou ainda no que diz respeito à publicidade?
BIBBO – Sou suspeito para falar sobre a importância de uma logo. Mas basta pensarmos que o criador deve ter capricho com tudo que envolve o seu canil. Uma logo não necessita ser feita por um profissional. O que é imprescindível  é que tenha bom gosto e seus traços sejam artísticos. Já vi péssimas logos que me falaram ter sido feitas por profissionais e ótimas logos, que foram feitas por não profissionais.  Note o contraste ao abrir uma revista ou um site, que tenha um belo layout, com uma bela foto artística,  e no rodapé ou no alto da página uma logo em que você não identifica nem a raça do cão, tal é a má qualidade do desenho da mesma. A logomarca pode ser simples, mas nunca deverá depor contra o capricho do criador.

 

Cinofilia-BR – Como é desenvolver o campo da Editoração de Arte Animal? No caso das seções fotográficas você desenvolve o Briefing para os clientes? E com as logos, isso também acontece?
BIBBO – Nas fotos você pode relaxar um pouco mais, pois o cliente confia no que você pensa, quanto à sessão e antes de tudo, ao menos no meu trabalho. A seguir vem o cão e depois as paisagens, mas procuro sempre uma locação que combine ou valorize o cão. Uma bela paisagem e o cão mal posicionado ou em mau estado não tem muito valor. Fico grato a Deus por trabalhar com alguns dos melhores criadores do país, sendo raros os casos em que o cão não está bem preparado. Quando se tem um cão bem manejado, que tenha um stay bem controlado,  aí podemos pensar em locações mais interessantes. No design, eu recebo um briefing e respeito o mesmo. Caso no meio do processo de criação eu saia da linha deste briefing, eu informo ao cliente, antes de dar andamento, para saber o que ele pensa e então eu poder dar sequência.

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Cinofilia-BR – Antes – tudo era obtido no laboratório, e hoje o laboratório é o Photoshop. Muitos manipulam, outros, nem tanto, embora todos manipulem, ou mais ou menos (utilizar da ocultação também é uma forma de manipulação e, ao meu ver, pior. Quando ocultamos, deixamos uma lacuna para o entendimento da má-fé, prevista no campo da jurisprudência como uma atitude ilícita). O que você poderia falar sobre manipulação de imagem na fotografia de Cinofilia, com objetivo de propaganda destinada a fomentar a venda do animal, e sobre a ética do proprietário, quando não avisa que está mostrando uma foto meramente ilustrativa?
BIBBO – Acho que cada um faz o que acha que deve fazer, conforme a sua consciência e risco. No meu caso, me atenho em fazer o trabalho, conforme meus limites e sou respeitado por estes.

 

Cinofilia-BR – (Pergunta do Internauta) Faça um comparativo  sobre investimentos  que os criadores vem fazendo  em meios de divulgação nos últimos 3 anos.
BIBBO – Quem não é visto não é lembrado, e comprar cães importados, nacionais de alta qualidade, ou ter um ótimo plantel, e não divulgá-lo seria incoerência. O mercado realmente ficou bem aceso nestes 3 últimos anos. As importações cresceram como nunca e têm que ser noticiadas. Sendo assim o reflexo foi o enorme aumento nas divulgações.

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Cinofilia-BR – Seus trabalhos permeiam o campo do Fine Art. – Como fotógrafo, busca trabalho no campo autoral e no mercado das artes, valorizando assim seus trabalhos como Artista?
BIBBO – Em alguns trabalhos, tento colocar a arte além do limite necessário, pois como artista, o fotógrafo está sempre tentando ultrapassar alguma barreira. Se um dia eu tiver mais tempo gostaria de novas experiências, pois a fotografia é apaixonante seja ela qual for.

 

Cinofilia-BR – Prêmios são importantes para a careira profissional de um fotógrafo? E quanto a livros? Já pensou em publicar algum?
BIBBO – Eu nunca fui de participar de concursos. Os que ganhei, entrei por diversão e isso foi há muitos e muitos anos (risos). No momento, prêmio para mim chama-se satisfação do cliente. Acho que tenho a fotografia muito vinculada à publicidade e portanto isso faz com que eu pense assim. Recebo revistas com resultado de finalistas em concursos de fotografias, e às vezes  fico pasmo com os resultados, mas também vejo algumas fotos incríveis. Quanto a publicar um livro, seria algo interessante sim, mas confesso que não penso nisso a curto prazo.

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Cinofilia-BR – Quais são os seus próximos projetos?
BIBBO – Há 4 anos passei por uma UTI, fui diagnosticado com uma cardiopatia, isso fez com que eu repensasse muita coisa e diminuísse meu ritmo. Atualmente não planejo muita coisa a longo prazo (risos), apenas me cuido, curto meus cliques, layouts, desenhos e o principal, que é a alegria dos meus clientes. Deus cuida bem de mim e sendo assim, penso seriamente em realizar um trabalho comunitário no campo da fotografia, ou seja: levá-la a quem não tem condições de saber mais sobre ela por falta de recursos e incentivá-los.

 

Cinofilia-BR – Agradecemos por sua participação.
BIBBO – Eu fico grato à Cinofilia – BR e a você Bruno, por este carinho em me entrevistar e pelo ótimo tratamento que me concede, sempre que conversamos. Desejo-lhes muito sucesso sempre, como desejo também a todos os Fotógrafos e Designers, que estão neste segmento tão especial.

 

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