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Esse termo “Fines Arts” é um daqueles que muita gente usa sem saber ao certo o porquê, apenas por achar “chique”, e isso acaba gerando uma baita confusão.

Originalmente o termo “Fines Arts” foi cunhado para diferenciar produções puramente artísticas de outras feitas com algum intuito (seja comercial, memorial, etc). Algo feito unicamente pelo seu valor estético e sem qualquer utilidade prática pode ser considerado “Fine Art”, enquanto que algo com uma função prática, não.

Por exemplo: um retrato de Dom João VI feito sob encomenda com o intuito de identificar e registrar a imagem do governante para o povo e para as gerações futuras não pode ser considerado como pertencente às “Fines Arts”, mesmo que tenha sido feito por um excelente pintor com a mais refinada técnica e o mais apurado senso estético.

Em contrapartida, um simples quadrado preto pintado em uma tela pode se adequar perfeitamente ao conceito, como a obra de Kasimir Malevich, pois o termo “Fines Arts” não tinha qualquer relação com o requinte da técnica, apenas designava obras feitas pelo simples impulso artístico.

Na fotografia, tanto contemporânea quanto no seu surgimento, o termo deve ser aplicado da mesma forma, referindo-se à fotografia feita puramente por impulso artístico e estético em oposição à fotografia feita com objetivo documental ou publicitário. Curiosamente uma análise das fotos publicadas nos “Flickrs” e afins nos leva a crer que a maioria das pessoas acha que, para uma fotografia ser “Fine Art”, ela precisa ter uma mulher nua numa floresta, lago ou pedreira. :)

Isso, na verdade, é conseqüência do termo “Fine Art Nude” que surgiu para diferenciar fotos de nu comercial (estilo revista masculina) de fotos artísticas, onde o corpo nu é apenas um elemento estético. A imagem da “mulher nua na rocha” é antiga, muitos pintores renascentistas já pintavam essas cenas e fotógrafos mais recentes apenas “ecoam” essa estética que sempre fornece um interessante contraste de formas e tons e possui uma característica de atemporalidade. Mas a fotografia de “Fine Art Nude” não é apenas isso e, principalmente, a fotografia “Fine Art” não é apenas “Fine Art Nude”.

Mas vamos voltar no tempo para continuar falando sobre a origem e as aplicações do termo “Fine Art”.

Ao atingir a área da impressão e das gravuras o termo ganhou uma nova conotação, ligeiramente diferente. Como muitos artistas não queriam se envolver no processo de reprodução por gravuras, por desinteresse ou por falta de tempo e recursos, mas desejavam que suas obras fossem reproduzidas, passaram a recorrer a “experts” nos processos de reprodução de arte por processos de xilogravura, encavo, litografia, etc. Esses “experts” diferenciavam-se dos demais profissionais de impressão por serem especializados na produção de obras de arte e não simples profissionais da impressão cotidiana (de livros, estamparias, etc). Possuíam domínio de suas técnicas, mas também a base artística e o olho clínico necessários para lidar com a reprodução da visão artística de outros. Esse foi o nascimento da impressão “Fine Art”.

No campo da ampliação fotográfica o termo voltou a ser usado nas últimas décadas do século passado para se diferenciar o trabalho de revelação e ampliação manual, feito por especialistas, dos processos automatizados dos laboratórios expressos.

Preparando a sua imagem para uma impressão Fine Art

Impressão de "Diabolus in Musica" de Renato Faccini (www.estabelecimento.com.br)

Estamos falando de impressão Fine Art a partir de arquivos digitais, então vamos partir do pressuposto de que a imagem já está em um arquivo digital. Em outro texto falaremos sobre os melhores procedimentos para a captura da imagem, mas por agora consideraremos que a imagem já está em seu computador.

Nossas recomendações são:

1. Trate a imagem em seu tamanho original, deixe os cortes (crops) e interpolações para o final. É muito prático ter um original tratado sem cortes e sem interpolação, pois isso facilita a sua vida no caso de uma mudança de planos de última hora. Isso vale tanto para imagens capturadas em JPG quanto em RAW, embora fotografando em RAW e tratando em softwares como o Adobe Lightroom essa abordagem se torne mais natural. De qualquer forma devemos manter essa prática até quando exportarmos para o Photoshop: exporte no tamanho original, sem cortes e faça o resto do tratamento na imagem inteira. Não se preocupe demais com o mito dos 300dpi, muitas vezes é possível gerar imagens perfeitas com bem menos que isso dependendo do papel e do tamanho final.

2. Impressão Fine Art Digital se faz em RGB, não em CMYK. Isso pode soar estranho para muitos, mas é a mais pura verdade e faz todo o sentido depois que se conhece a fundo a maneira como a imagem é composta no papel. Como isso exigiria páginas e páginas de texto técnico (e chato) para explicar, nesse momento vamos apenas acreditar. Não convertam seus arquivos para CMYK. Provavelmente eles entraram no seu computador como RGB, então deixe-os assim.

3. Sobre os espaços de cor RGB, sempre que possível trabalhe suas imagens em Adobe RGB. Os melhores equipamentos de impressão existentes hoje, como os que usamos na Imagem Impressa,  já conseguem imprimir algumas cores além do sRGB, então faz sentido trabalhar em Adobe RGB para tirar proveito disso. Você pode até trabalhar em espaços maiores, como Prophoto RGB, mas deverá converter para Adobe RGB na hora de gerar o arquivo de saída. Ao converter no Photoshop tenha atenção para os “rendering intents”, alterne entre “relative colorimetric” e “perceptual” com a pré-visualização ativada e escolha o que melhor lhe servir.

4. 16 bits ou 8 bits de profundidade? Se você estiver tratando em Prophoto RGB usar 16 bits é praticamente obrigatório e em Adobe RGB é uma boa ideia. Mas na hora de gerar o arquivo de saída em Adobe RGB não é grave passar para 8bits (última coisa a se fazer). Apesar do nosso sistema de impressão aceitar arquivos em 16 bits, a diferença não é perceptível nas impressões. Durante o tratamento 16 bits pode fazer toda a diferença evitando a ocorrência de “bandings” em degradês, por exemplo, mas na impressão essas vantagens não são perceptíveis e o arquivo em 8 bits fica bem mais leve. De qualquer forma, não temos qualquer objeção em receber e imprimir arquivos em 16 bits caso seja de sua preferência.

5. Fuja do JPEG. Mesmo que você tenha capturado a imagem em JPEG, após tratá-la salve em algum formato que não use compressão com perda. Formatos TIFF ou PSD são boas opções. Claro que podemos imprimir belas imagens de arquivos JPEG, mas se pudermos não jogar dados fora é melhor.

6. Caso você tenha um monitor de boa qualidade (próprio para tratamento de imagens) calibrado e caracterizado por hardware e já saiba qual papel usará para a impressão, solicite-nos o perfil ICC do papel em questão para o nosso sistema de impressão. De posse desse perfil você pode fazer um “softproof” para prever como as cores se comportarão na impressão. Entretanto, se você não tem um bom monitor calibrado e caracterizado por hardware e não sabe o que é “softproof”, não se preocupe com isso por enquanto. A etapa final da preparação em nosso estúdio envolve a realização desse “softproof” em nossos computadores e ambientes específicos para esse fim e, preferencialmente, com você ao lado para opinar.

7. Converse conosco caso tenha alguma dúvida antes de gerar o arquivo final. Impressão Fine Art não é “laboratório expresso” e o serviço que você está contratando inclui a atenção especial da nossa equipe. Sempre sugerimos que os clientes tragam seus arquivos tratados, em Adobe RGB, no formato PSD ou TIFF, sem acréscimo de margens. Se a imagem tiver sofrido algum corte (“crop”), sugerimos que traga também a versão integral, já tratada, mas sem cortes. Os cortes, uma eventual interpolação e o acréscimo de margens poderão feitos pela nossa equipe, após a definição de papel e do tamanho exato da imagem. A escolha do papel é uma etapa muito importante e ninguém melhor que nossos especialistas para auxiliá-lo nesse processo.

8. Esteja junto durante o parto da sua cria, afinal a obra é sua e tem que agradar a você.

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