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Entrevistando Nilton Novaes

Cinofilia-BR – A p a i x o n a d o s   p o r   C ã e s

 Entrevistando Nilton Novaes

Onde | Fortaleza-CE

Por quê | Renomado fotógrafo, autor de inúmeras imagens publicadas nas principais revistas especializadas em cinofilia do Brasil.

São dele as palavras abaixo transcritas, que nos fornecem um belo ponto de partida para a entrevista que agora principia:

Tecnologia de ponta, competência, conhecimento, criatividade e estilo como ferramentas de trabalho e a satisfação do cliente como meta, me fazem um obstinado na busca permanente pelo melhor resultado, enfim a excelência é o objetivo.”

Vencedor de concursos fotográficos no Brasil e no Exterior com fotos antropológicas…

 

E n t r e v i  s t a

 

Cinofilia-BR – Como você começou na fotografia?
Nilton Novaes – Comecei como hobby, como a grande maioria, herdei uma Pentax Spotmatic (Filme) de meu Pai, sempre guardava a mesada da semana para compra e revelação dos filmes, aí em 1993 nasceu minha Filha,  Nicole. Aí começa a brincadeira em grande escala… Eram fotos e mais fotos da Nicole e dos nossos cães (Somos os proprietários do afixo Dunas Brancas Kennel), com isso, veio a vontade de aprender realmente fotografia, na época, sem internet, foram mais gastos com livros importados, já o mercado nacional era escasso nessa área.

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Cinofilia-BR – Conte-nos: como é criar os Pastores Brancos Suíços?
Nilton Novaes –  É uma raça a que nos dedicamos desde 1990, com a chegada de Thabatha e Lucky Skywalker do Canadá… Fomos um dos fundadores da maior entidade da raça na América Latina, junto com outros amigos criadores como Marcos Guerreiro (SP), Lia Segadas(RJ), entre outros. Tendo como motor dessa aventura o saudoso Antonio Jorge Bittar Cavalcante. A SOLPAB (Sociedade Latino America de Pastores Alemães Branco) teve em seu Stud Book mais de 9000 cães registrados, mas, infelizmente com o falecimento do Cavalcante, a SOLPAB tomou outros caminhos. A raça é uma raça rústica, que dificilmente necessita de cuidados veterinários. Devem-se, por outro lado, procurar criadores que façam controles de doenças genéticas, como Displasia Coxo Femoral…

 

Cinofilia-BR – Você acha importante o fotógrafo conhecer o padrão de cães (raças caninas e conformação canina)? Falo isso, depois de acessar uma de suas entrevistas, em cujo contexto você diz ostentar um  conhecimento de mais de 30 anos. Como obteve tal conhecimento?
Nilton Novaes –  A experiência veio devido à “herança genética”, já que hoje, minha filha Nicole é a quarta geração de criadores de cães pastores na família, Trata-se de História que começou em Porto Alegre, no começo dos anos 60, com meu avô, que foi um dos primeiros brasileiros a importar um cão pastor alemão da Argentina… Hoje, toda criança na família, já quando nasce, ao invés de receber um brinquedo, ganha um filhote… E com isso, o olhar de criador, facilitou o olhar do fotógrafo. E de tanto freqüentar e ter o convívio de amigos criadores de outras raças, ficou natural.

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Cinofilia-BR – Há alguma referência, suscetível de indicação, nos quadros da fotografia animal?
Nilton Novaes – Como pastoreiro de origem, tenho referência o alemão “URMA”, especialista em Pastor Alemão. No Brasil, estamos muito bem servidos de fotógrafos, cada um tem seu estilo e para olhos mais treinados, não se precisa nem ver a assinatura para se saber de quem é a foto. Posso citar a luz maravilhosa de Jonnhy e Rufino, o olhar cinófilo de Edmilson, a arte em forma de foto de Bibbo, o amigo Bruno Sant’Ana e sua busca constante de qualidade e conhecimento e vem vindo uma galera que promete como Juliana, Nelson, etc… Esses são os que tenho acompanhado mais de perto o trabalho. Mas, temos ainda outros que fizeram a HISTORIA DA FOTOGRAFIA CINOFILA como Paulo Lang.

 

Cinofilia-BR – No seu processo de criação o que vem primeiro? “Imagem” ou “idéia”? Ainda sobre processo, tenho visto uma grande preocupação pelo set de fotografia que você vem usando… Nesses momentos, costuma ir só ou busca a ajuda de auxiliares?
Nilton Novaes – O processo inicia quando o cliente me contata e fazemos um briefing do que ele deseja. Após isso, faço uma seqüência de idéias do que posso tentar realizar. Coloco a idéia final na mesa e em comum acordo com o cliente, fechamos. Em relação à busca de locações, elas aparecem uma atrás da outra, vou fazer um ensaio no local (X), no caminho já vejo outra locação e fotografo para não esquecer e ela já entra na pauta para outros clientes. Existem casos que em finais de semana de folga, fazemos o Bang Bang… Eu e mais 3 fotógrafos de renome da cidade tiramos para pegar estrada para fotografar Free e encontrar locações, sendo que esses colegas são de áreas distintas da fotografia… Da fotografia de moda à fotografia documental. Aquela conversa de só fotografar quando tem dinheiro envolvido, não se encaixa comigo, eu gosto de fotografar.

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Cinofilia-BR – No campo da composição fotográfica e da estética como funciona o seu processo (desde a captação da imagem até o momento da sua conclusão)?
Nilton Novaes –  Antes de mais nada, respeitar o limite do animal. Na composição tento encaixar a história da raça ou a que ela foi destinada, em algum contexto, se der. Muitas vezes estamos com a idéia pronta, e na hora, devido a fatores adversos, temos que partir para um plano B ou até C. Concluída a etapa da captura, passamos para a parte da edição, onde com o RAW são feitos os primeiros ajustes, para, em seguida, passar-se à arte final. Sempre lembrando que de forma alguma altero as imagens, se um cão tem algum problema, tento fazer de um ângulo onde não se acentue o problema, porque uma foto errada pode acabar com a carreira de um animal em pista. Jamais, ”alterações de fenótipo” como bem diz meu amigo “Jonnhy”.

 

Cinofilia-BR – Antes – tudo era obtido no laboratório, e hoje o laboratório é o Photoshop. Muitos manipulam, outros, nem tanto. Embora todos manipulem, em maior ou menor escala, como, aliás, sempre se fez com os retoques, a Cinofilia-BR entende que utilizar da ocultação é – dentre as formas de manipulação – talvez a pior. Porque quando se oculta, deixa-se uma lacuna, cujo preenchimento dá-se quase sempre em má-fé, repudiada pela ordem jurídica. O que você poderia falar sobre manipulação de imagem na fotografia de Cinofilia, com objetivo de propaganda, destinada a fomentar a venda do animal, e sobre a ética do proprietário, quando não avisa que está mostrando uma foto meramente ilustrativa?
Nilton Novaes – Minha opinião é que não se deve alterar, mas respeito os que o fazem. Aí vai de criador e de fotógrafo, como sou os 2, sou contra. Tenho visto algumas montagens que realmente fica difícil acreditar como o proprietário autorizou, mas, cada cliente tem o livre arbítrio de escolher o seu fotógrafo. Pelo que tenho escutado, cada vez mais, o mercado não está mais aceitando cães “montados” nas revistas. Inclusive gerando até desconfiança de fotógrafos que alteram. Às vezes a foto não é nem alterada, mas como são de determinados fotógrafos, já viram motivo de desconfiança.

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Cinofilia-Br – Sabe-se que mostrar uma fotografia animal sem manipulação requer tempo. Pelo que se sabe, nem todas as raças e tipos caninos suportam uma exposição demasiado demorada. O que você faz… Apresenta à venda uma fotografia na qual o animal não está bem posicionado? Ou simplesmente não a apresenta? Você vende? Ou você não vende? Quais os procedimentos que adota?
Nilton Novaes – Sempre sai, se não sai num dia, sai no outro. Eu refaço a sessão quantas vez forem necessárias, sempre respeitando o limite do animal. O recorde são de 3 sessões, e a foto saiu e o cliente ficou satisfeito e é o que importa.

 

Cinofilia-Br – Vi que se declara não adepto da manipulação! Como resolver problemas de fundo fotográfico, quando não parece haver alternativa diversa do recurso à manipulação? Quando temos necessariamente que manipular?
Nilton Novaes – Me previno, faço o estudo da locação bem antes e já vou com a foto na cabeça. Felizmente meu estilo de fotografia me permite fazer isso e conta com a ajuda dos proprietários que compram minhas idéias!

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Cinofilia-BR – Sabendo que uma boa foto vende o animal nela retratado, surge a questão do quantum. Quanto vale em dinheiro uma boa foto? Como você vê o mercado e essa relação (Clientes X Fotógrafos)? Até que ponto o trabalho do fotógrafo profissional merece valorização?
Nilton Novaes – Cada fotógrafo, penso eu, deve possuir uma tabela. Aqui eu uso e tem dado certo, de 1 animal para número X de fotos, até cobertura de plantel e locações de um criador. Agora, em todos os ramos da fotografia, existe a concorrência canibal, vide fotógrafos de moda. A verdade é que o cliente sabe o que quer, se ele busca qualidade, ele vai atrás. Hoje tenho vistos fotos em revistas de colegas que infelizmente sequer tem noção do que estão fazendo, tanto imageticamente como em termos de cinofilia. Não basta comprar um equipamento, é necessário muito estudo de fotografia. “Aqui ministro alguns Workshops de fotografia e sempre digo que o principal equipamento do fotógrafo, é o cérebro”.

Cinofilia-BR tem acompanhado tentativas de organização da categoria, por assim dizer, de “Fotógrafos de Cinofilia”, onde a busca é pela constituição de uma ordem… organização…, algo próprio. Qual sua posição sobre o assunto?
Nilton Novaes – Confesso que o caminho mais rápido seria a amizade. Por exemplo, você, quando vem a Fortaleza, é recebido por mim e eu quando vou a Recife o amigo faz as honras da casa. Se eu gosto ou não da fotografia de alguém, não é motivo de discórdia. Creio que com os projetos recentemente aprovados da categoria de “Fotógrafos” em Brasília, seremos mais organizados e não acredito que sub-divisões funcionem, como fotógrafos de moda, fotógrafos de cinofila, etc.

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Cinofilia-BR – O que o amigo gosta na cinofilia e o que o amigo não gosta na cinofilia?
Nilton Novaes – Gosto de encontrar os amigos, principalmente no Nordeste, onde o Astral é outro. Do que não gosto são as fofocas. Na recente exposição de aniversário da CBKC, foi gerado um clima muito constrangedor. Dificilmente eu irei novamente enquanto não houver transformações radicais.


Cinofilia-BR – Quais são os seus próximos projetos?

Nilton Novaes –  Este ano finalizo um ensaio sobre os campos de concentração nazistas na Alemanha, ainda vou mais 2 vezes em 2013 para finalizar, e ano que vem, espero fazer uma exposição, com texto de uma amiga jornalista, que está encarregada para tal. Na área da fotografia cinófila, apresentarei um projeto para o aniversário de 50 anos do KCEC ano que vem, onde pretendo trazer os trabalhos de todos os colegas para os colocarmos em exposição no Centro de Convenções do Ceará, onde será realizado o evento.
Cinofilia-BR – Agradecemos por sua participação.

 

Por Bruno Sant’Ana.

 

 

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