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Entrevistando Milton Lopes (Handler Netinho) EUA.

Cinofilia-BR  –   A p a i x o n a d o s   p o r   C ã e s

 

Entrevistando Milton Lopes (Netinho)

Titular do Canil | FABELLO KENNELS

 

Onde | EUA

 

Porquê | Cinofilia-BR   tem a honra de apresentar aos leitores o ponto de vista de quem está atento aos PROBLEMAS e conquistas DA CINOFILIA MUNDIAL, vivenciando-os também fora do Brasil. O primeiro entrevistado é Milton Lopes, o Netinho, que afirma, sobre os Estados Unidos: AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NORMALMENTE SÃO SEM IGUAL, acrescentando:  OS E.U.A. REALMENTE OFERECEM AS MELHORES CONDIÇÕES PARA AQUELES DISPOSTOS A COLHER OS FRUTOS DO TRABALHO DURO E MUITA DEDICAÇÃO.

 

E n t r e v i  s t a

 

Cinofilia-BR: Como se deu seu envolvimento com os cães? Qual a raça na qual iniciou?

Netinho – Comecei em 1983, com um Setter Irlandês. esclareço que a minha família nunca teve nenhum envolvimento com cinofilia, antes desse primeiro filhote, adquirido com pedigree.

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Cinofilia- BR| Como foi seu início na cinofilia? E por quê continuar?

Netinho – Apresentei esse primeiro Setter Irlandês em alguns eventos, mas sem sucesso, porquanto o mesmo não tinha muito potencial para ser competitivo. Todavia, numa viagem a trabalho meu pai conheceu o, até hoje nosso amigo, Aníbal Faria, que nos recomendou a família Atalla. Então, compramos nosso primeiro cão para exposição. Foi o meu primeiro ganhador de grupos e a partir daí comecei a apresentar cães de amigos, acabando por criar a minha própria clientela. Nunca tive outra profissão ou outro emprego. Comecei aos 10 anos e não parei mais. Hoje continuo por pura falta de opção e coragem de mudar, pois a cinofilia de hoje em nada parece com aquela pela qual me encantei.

 

Cinofilia-BR – Um momento especial durantes esses anos de Profissão?

Netinho – Vários … Best of Breed, na Westminster; Montgomery County, meu primeiro BIS no Canadá; meu primeiro BIS nos EUA; nossa primeira vitória em uma nacional de Pointer (a raça que escolhemos para criar), e tantos outros…

 

Cinofilia-BR – Como é o dia-a-dia de um handler?

Netinho – Acordar cedo, catar bosta, lavar canil, soltar os cães para que possam fazer exercícios; alimentá-los…  treinar, trimar, responder e-mails, atualizar as contas dos clientes, fazer inscrições, reservas de hotéis, desfazer mala, arrumar mala, e, se der tempo, …   almoçar e jantar. muito café o dia inteiro e muita amolação !!! rsrsrsrs

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Cinofilia-BR | Como você vê os recintos de exposições caninas? E no tocante aos árbitros? Frente aos resultados que se têm observado nas exposições, poder-se-á contar com imparcialidade?

 Netinho –  Vou falar do Brasil.  A maioria dos recintos deixa muito a desejar, em parte por culpa da preguiça dos dirigentes; em parte por conta dos cinófilos porcos, que ajudam a eliminar os poucos locais decentes que restam. A imparcialidade é coisa rara nos julgamentos, com poucas exceções. há um troca–troca, vale convites para julgar, páginas de revista, jantares, passagens, etc. não generalizo, mas hoje em dia muitos resultados são extremamente previsíveis, mesmo para mim, que estou tão longe.

 

Cinofilia-BR | Quais os principais motivos que te levaram a morar fora do Brasil?

Netinho – Cresci desapontado com o Brasil e ouvindo meu pai dizer: aprenda inglês e vá embora. O Brasil não vai mudar e não vai te dar o futuro que você quer, principalmente na cinofilia. Ele estava errado, o Brasil muda constantemente, e sempre para pior.

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Cinofilia-BR | Em meados de 2014 para 2015 você voltou ao Brasil. Como essa transição se deu? E logo em seguida retorna para ir morar nos EUA? (corrija, por favor, caso haja equívocos quanto às datas acima apontadas).

Netinho – Mudamos no final de 2012 e ficamos até setembro de 2015. Foi um acontecimento dolorido, depois de quase 6 anos no Canadá. Necessitei dar um passo atrás para poder dar um salto adiante, pois como tinha planos de vir morar nos EUA, tive que iniciar o processo de imigração no Brasil, onde sou cidadão. Não havia como mudar legalmente direto do Canadá para os EUA. Mas foi uma bela experiência, principalmente para a Ash, pois ela conseguiu entender os motivos que me levaram a deixar o Brasil.

 

Cinofilia-BR |  Quantos Best in Shows na carreira o amigo possui como profissional?

Netinho – Honestamente? Nunca os contei, mas são centenas. Alguns  representaram muito e nunca os vou esquecer.

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Cinofilia-BR – Lembra de tê-lo conhecido em 1989/92, em Maceió, onde apresentava então cães da raça Husky Siberiano. Poderíamos voltar no tempo e relembrar um pouco como foi seu inicio de carreira no NE do Brasil? Quem foi seu professor?

Netinho – Morei alguns meses em Maceió, creio que 1991, mas já era Handler profissional desde 1987, aproximadamente. Fiz muitos amigos e me diverti bastante pelas exposições do nordeste, sem dúvida um clima muito mais descontraido do que nas exposições do sudeste. Quando iniciei na cinofilia, em 1983, meu mentor foi o Handler Paulo Godinho. Mais tarde trabalhei em alguns shows no Brasil e Estados Unidos para o Flávio e o Marcelo.

 

Cinofilia-BR – Como foi sua experiência em solo Canadense?

Netinho – Espetacular! Antes de me mudar eu já frequentava circuitos no Canadá pelo menos uma ou duas vezes ao ano. Quando cheguei já tinha muitos amigos e era relativamente conhecido. A coisa mais curiosa que aconteceu durante aqueles anos foi que obtive um respeito por parte da comunidade cinófila que, a meu ver, eu não tinha nem quando morava no Brasil. Ganhei mais de 100 best in shows no Canadá ( esses eu contei ! ) E em uma das temporadas tive 3 cães entre os Top Ten All Breeds. Sinto muitas saudades do Canadá!

 

Cinofilia-BR – Diga-nos cinco coisas que você mais gosta na cinofilia? 

Netinho – Meus poucos e bons amigos; a oportunidade de conhecer o mundo, e o momento em que chego em casa, depois da exposição, e solto os cachorros para correrem e brincarem. Não consigo listar 5 coisas, o que é muito triste!

 

Cinofilia-BR | Como você, concilia a criação e o lado do profissional Handler?

 Netinho – Nossos pointers todos possuem Co-proprietários, que pagam pelas despesas com a criação e também com a apresentação. Então, tecnicamente, todos os cães nossos são também de clientes, sendo que estes também se encarregam de cuidar das ninhadas. É uma situação bastante conveniente e que nos dá muita tranquilidade.

 

Cinofilia-BR | É importante ser Handler (ter a atividade como profissão) para apresentar cães? Que dicas você nos daria?

 Netinho – Não é importante ser handler. O importante é ter talento, ou pelo menos muita humildade e vontade de aprender. Tem muito handler sem talento na cinofilia e alguns proprietários extremamente talentosos e competentes.

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Cinofilia-BR – O que você gostaria de ver mudar na cinofilia?

Netinho –  Gostaria, no caso do Brasil, de uma mudança radical no comando da cinofilia; é ridículo que o mesmo grupo esteja no controle há mais de 30 anos e a cinofilia não ande pra frente!!! Vocês precisam de gente nova e que sejam cachorreiros de verdade!

 

Cinofilia-BR – Você acha que poderíamos ter um grande evento anual aqui no NE (Brasil)? Exemplo: 9 Exposições Internacionais e mais especializadas, feira de filhotes, stands de vendas de carros e de outros produtos, e ainda uma parceria com uma empresa aérea, no sentido de otimizar o transporte de pessoas e de animais para esse evento?

Netinho – A parceria com uma empresa aérea nos dias de hoje seria sensacional. É preciso tratar a cinofilia como um negócio, gerido por gente competente, mas que esteja disposta a cercar-se de cachorreiros, gente que nasceu e cresceu na cinofilia. Um grande circuito no nordeste só seria viável com um calendário muito bem organizado, de modo a atrair expositores de outras regiões do Brasil.

 

Cinofilia-BR – Como você vê – aqui no Brasil – o fato de nunca conseguirmos exposições num nível ao menos próximo das exposições que ocorrem nos Estados Unidos, por exemplo, onde o número de inscritos e a qualidade dos animais falam por si?

Netinho – Os números no mundo inteiro estão caindo, e a qualidade também. Na minha opinião, deveria haver menos exposições para torná-las assim mais competitivas. Ter um cão Campeão Brasileiro não significa absolutamente NADA! cinofilia no Brasil é o único “ esporte “ onde você pode ser campeão sem ganhar de ninguém, o que é por si só uma grande PIADA. O Brasil nunca vai ter uma cinofilia parecida com a americana, pois o AKC é uma empresa levada a sério.

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Cinofilia-BR – Já estou no mundo da cinofilia desde 1986. Desde então tenho visto lindos animais, o que sempre me faz formular a pergunta: Como os criadores fazem para obter animais tão belos? Como eles conseguem ninhadas homogêneas? Creio que outros apaixonados por cães também gostariam de saber o que você pensa a respeito. Então pergunto: Como um handler pode ajudar um criador a ter sucesso em sua criação?

Netinho – Um handler experiente pode ajudar e muito num projeto de criação, mas o cliente tem que estar disposto a escutar. A maioria não gosta de ouvir a verdade e prefere ter cegueira de canil. Um handler experiente e viajado pode sugerir novas linhas de sangue, padreadores e observar novas tendências.

 

Cinofilia-BR – Fale um pouco sobre o seu sistema de manejo, condicionamento dos cães e cuidados, considerando que você tem a posse temporária desses animais sob sua tutela.

Netinho –  É importante ter extrema responsabilidade e cuidado, sobretudo no sentido de minimizar ao máximo o risco de acidentes. É importantíssimo conhecer o temperamento dos cães sob sua responsabilidade, conhecer seus hábitos e preferências. O segredo dos handlers vencedores é diretamente ligado ao tempo que passam com seus cães. no nosso caso,  mesmo não tendo assistente, sabemos como está o cocho de cada cão; quem está comendo bem; quem está com o pelo bom; quem precisa de mais exercício, etc…  não acredito em handlers que nunca estão no canil e deixam tudo na mão de assistentes.

 

Cinofilia-BR – Sabendo que uma boa fotografia ou vídeo tem o poder de vender um animal, até que ponto mexer ou não na fotografia pode ser importante? E se isso viesse a acontecer, você informaria ao seu cliente, ou comprador, que a foto eventualmente em questão não passava de foto meramente ilustrativa?

Netinho – Eu não compro nenhum cachorro exclusivamente por fotografia. Hoje é fácil fazer um filme com um smartphone, que, apesar de não ser o ideal, é uma maneira rápida e eficiente de se ter uma boa noção do cão que está sendo negociado.

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Cinofilia-BR | Netinho: É importante a especialização do handler na apresentação de uma única raça, ou não? É possível apresentar bem raças diversas?

 Netinho  – A cinofilia brasileira não comporta handlers especialistas, o que, por sinal, é bem comum nos EUA, pois o mercado é muito maior. Quanto à possibilidade de se apresentar bem raças diversas, eu digo sim. É possível apresentar bem diversas raças.

 

Cinofilia-BR – Quantidade pode ser sinônimo de qualidade? Como você trabalha os atendimentos aos cães de seus clientes nesse sentido?  
Netinho – Procuramos ter clientes criadores, ou seja, temos sempre uma sequência de cães, ano após ano. É primordial ter clientes que sejam bons pagadores. Isso não significa que devam ser necessariamente ricos, pois existem ricos mal pagadores! O ideal seria a combinação: Bons criadores, bons pagadores e que te escutem!!! Uma dúzia de clientes assim dá tranquilidade ao handler. A pior coisa que existe é o handler vender almoço para pagar jantar, porque os clientes estão em atraso.

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